O escritor Nelson Rodrigues
cunhou o clássico termo “complexo de vira-lata” para representar o sentimento
de inferioridade que o brasileiro possui em relação a outros povos, sobretudo
aqueles do chamado “Primeiro Mundo”.
O 7 de setembro deveria ser,
para qualquer brasileiro, uma data de afirmação nacional. Celebra a ruptura
formal com Portugal e o início da construção de um Estado soberano. No entanto,
neste 2025, o que se viu em várias cidades do país foi a apropriação distorcida
desse marco histórico por setores da extrema direita, particularmente o
bolsonarismo.
A direita brasileira, ao longo
de sua história, cultivou laços de dependência com os Estados Unidos (EUA).
Desde a Guerra Fria, militares e elites econômicas se alinharam a Washington em
nome da “defesa da democracia”, que na prática significou apoio a ditaduras,
perseguição a opositores e entrega de nossas riquezas naturais.
O golpe de 1964 teve, entre seus principais avalistas, o governo
norte-americano, que financiou, treinou e deu sustentação ao regime militar
instaurado. Essa tradição de subserviência nunca foi superada. Pelo contrário,
no governo Bolsonaro, assistimos à sua radicalização. O ex-presidente
transformou o alinhamento automático aos EUA em política de Estado, mesmo
quando isso significava sacrificar interesses econômicos, ambientais e estratégicos
do Brasil.
A imagem da bandeira americana no Sete de Setembro não é, portanto, uma
novidade absoluta. Ela é a tradução visual de uma mentalidade histórica: a do
entreguismo, que prefere o aplauso estrangeiro ao fortalecimento da nação.
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