Por Vilma da Prata
O nascimento de um filho é um
momento lindo e marcante, deve ser cheio de alegria para a mulher e sua
família, mais pra muitas mulheres assim como Heloisa se torna um pesadelo.
Heloisa tinha uma indicação de
um parto cesariano levando em consideração o parto da sua primeira filha, mas os
exames apontavam uma gestação tranquila e saudável. Mas o atendimento
desumanizado levou Heloisa a viver um dos momentos mais cruéis resultando na
morte do seu bebê.
Além das marcas triste que
ficaram na sua vida, na vida de Rafa e de sua família. Heloisa sofreu
diferentes tipos de maus tratos desde ignorar suas dores e apelos desesperados.
A aflição iniciou -se na
segunda feira (04/08) quando ela começou sentir dores e sangramento e foi até o
hospital do nosso município (Saloá) sendo avaliada por um profissional que
falou que ela não estava em trabalho de parto e os sintomas eram normais e
falou que voltasse para sua casa.
Em casa as dores continuaram
de forma ritmada, já quase pela manhã (terça-feira,05/08) não suportando mais,
voltou para o hospital. Chegando ao hospital foi avaliada novamente e gerado
uma senha.
A senha saiu pra Arcoverde,
mesmo tendo profissional capaz de atender o hospital não acolheu e gerou uma
nova senha que saiu pra Serra Talhada. Chegando lá não foi diferente. Não foi
acolhida, mesmo tendo profissional, cirurgião toda equipe, geraram uma nova
senha. Dessa vez pra Palmares.
Imagine a distância que é de
Serra talhada pra Palmares. Heloisa sentia muitas dores vomitando e quando
chegou em Palmares apesar da interferência de várias pessoas a diretora
conversou com a médica, mas ela não fez a Cesária no momento que ela chegou,
mesmo diante de toda situação.
Ficou combinado com o médico
do plantão seguinte, já ia completar mais de três dias que Luiza estava em
trabalho de parto com muitas dores, bolando dentro de uma ambulância
acompanhada apenas por uma técnica de enfermagem. Enfim a cesariana foi
realizada mais o bebê já foi retirado grave, logo após, foi entubado.
Mais a angústia ainda se
tornou maior, o bebê precisava ser transferido com urgência pra Recife. Só
depois de muita luta, do apelo de muitas pessoas da área de saúde, pessoas
ligada ao governo do estado foi conseguido uma UTI especializada com quase 24
horas depois para fazer a transferência até o memorial no Recife.
Enfim o pior. O bebê que tinha
tudo pra nascer saudável com período completo gestacional, 3.800 gr, por falha
na estrutura do sistema e principalmente por desumanidade, irresponsabilidade
não resistiu.
Falta de cuidado no parto tem
nome “violência obstétrica” Heloisa teve seus direitos desrespeitados desde o início
do processo do parto. Ignoraram suas dores. Demora no atendimento. Atendimento
rígido. Não foi acolhida em vários hospitais mesmo tendo equipe completa para o
atendimento. Não foi considerado seu estado doloroso nem os riscos diante da
demora e das distâncias percorridas.
Enfim Heloisa viveu um dos
momentos mais cruéis. Um momento que era para ser a celebração de uma vida
tornou se um pesadelo.
Sabemos que mesmo sendo
considerado um crime, esse tipo de violência, ainda não existe uma lei
específica para essa situação. Mais na lei penal sim. Que determina direitos e
deveres dos profissionais da saúde . Que deve ser utilizada para avaliar a
conduta desses profissionais na violação dos direitos no processo do parto para
que eles compreendam exatamente a consequência dos seus atos e sejam responsabilizados.
Quero lembrar que quando
vereadora sempre levantei essa bandeira na câmara e através de minhas falas e
documentos elaborados e aprovados busquei a sensibilidade do poder público do
nosso município para que fosse feito um convênio com o hospital Infantil na
cidade de Garanhuns para atender nossas gestante em especial as que precisasse
fazer parto cesariano e apresentasse riscos para mãe e filho. Mais infelizmente
não fui atendida.
É importante lembrar que esse
caso não é isolado várias mulheres em nosso município já perderam bebê e outras
chegaram a perder a própria vida no momento do parto por falha na estrutura e
negligência médica.
O caso de Heloisa é mais um e
até quando vai continuar??? Que esse caso não fique apagado, mas seja luz
diante de uma situação tão grave.
Como mulher, mãe deixo meu
apelo para que o governo municipal, o governo do estado tenha um olhar para
essa situação para que nossas gestantes tenha um parto com respeito e seguro.
Quando uma mãe perde um filho todas nós choramos um pouquinho de sua dor Lamentável
…..
Vilma da Prata foi vereadora de Saloá por quase 20 anos é professora aposentada do município e sempre foi uma das vereadores mais atuantes na área da saúde do município.
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